
Ai senhoras (es) trotinetes!
Ai senhoras/es trotinetes!
Nunca tive a experiência... Admito nunca ter sentido sequer vontade de experimentar. No entanto, sei como funciona. Porquê? Porque esta infestação parece não deixar ninguém de parte. Basta fazer o download da aplicação, criar uma conta, ter um cartão de crédito associado e está-se sobre rodas.
De qualquer das formas, não posso deixar de reconhecer que este novo meio de locomoção… Novo? Quer dizer, o Wikipedia conta que, além das suas versões não motorizadas, entre 1915 e 1921, a Companhia Autoped produziu trotinetes com sistema elétrico. Podendo parecer uma realidade extraordinária ou não, elas chegaram também a Portugal.
Digamos então que não se trata de um novo meio de locomoção, mas sim de uma versão mais ecológica (esquecendo, é claro, a característica original do veículo – ser movido apenas pela força humana). Sendo assim, recapitulemos:
De qualquer das formas, não posso deixar de reconhecer que esta versão mais ecológica de uma trotinete parece ser divertida – a observação de miúdos e graúdos com sorrisos no rosto e cabelos ao vento até levou a Avril Lavigne a pensar em mudar o seu clássico para Scotter Boy.
Porém, fazendo a minha diária caminhada para a universidade, ouvi da voz dos mais velhos que isto não passa de uma moda. O aspeto cíclico característico da moda concordamos que apresenta. Agora, será este o seu retorno definitivo?
Continuando… Além de serem engraçadas de manusear, as trotinetes aparentam cumprir os seus objetivos ambientais. A substituição de uma viagem de carro por um trajeto de trotinete subentende uma redução de emissão de gases poluentes para a atmosfera.
No entanto, como qualquer outro produto, as trotinetes não podem ser dissociadas do seu ciclo de vida – extração de matéria-prima, produção, distribuição, consumo e posterior destruição.
Durante as diferentes fases, podem-se reconhecer atividades nocivas ao planeta terra, como por exemplo: materiais utilizados durante a produção, como baterias e peças em alumínio; o transporte desde o local de fabrico, geralmente a China; o seu processo de manutenção e destruição.
Mais uma vez, durante o percurso para a academia, dou de caras com duas situações distintas. Primeiramente, as trotinetes que aparentam cumprir as normas aplicadas sobre as bicicletas:
"Artigo 17.º – Bermas e passeios
1- Os veículos só podem circular nas bermas ou nos passeios desde que o acesso aos prédios o exija, salvo as exceções previstas em regulamento local.
2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, os velocípedes podem circular nas bermas fora das situações previstas, desde que não ponham em perigo ou perturbem os peões que nelas circulem."…
Seguidamente, as trotinetes que circulam constantemente pelo passeio sem atenção sobre a perturbação que podem provocar nos peões que nele circulam.
Por obra do destino, encontrei-me junto de um instrutor e perguntei-lhe de que forma é que as trotinetes deveriam agir, tendo em conta o código da estrada. A resposta não me surpreendeu, apenas perpetuou a desilusão com a despreocupação humana: "Opa, não sei.. Isso ainda está muito confuso, mas é capaz de ter saído na atualização desta semana".
Com o teclado em frente e o motor de busca ligado, decidi pesquisar sobre essa atualização. Conclusão: o primeiro resultado de pesquisa (de 11 de março de 2019) aponta que trotinetes com e sem motor são equiparadas a velocípedes, tal como as bicicletas e, sendo assim, as regras do jogo deveriam manter-se.
A questão que coloco é: fala-se tanto sobre as vantagens das trotinetes elétricas, para quando educar os cidadãos para a boa utilização das mesmas?